"Hà vida para além dos partidos"
Pois há. Já nos apercebemos há muito tempo e as diversas formas de associação e participação cívica estão aí, à disposição e sobretudo, à imaginação de todos. Mas será este um conceito aplicável a políticos?
Para ser coerente e consequente com o seu discurso em campanha, Alegre deve resolver rapidamente a sua situação e a ligação ao seu Partido de 30 anos.
Alegre assentou a estratégia, a virtude e a novidade no seu discurso eleitoral num distanciamento em relação às estruturas, aos aparelhos, aos favores e ás maquinações partidárias. No entanto, esse afastamento nunca foi causa mas sim consequência da sua não-escolha como candidato oficial do Partido Socialista.
Qual seria o discurso de Alegre, se o PS o tem apoiado?
Alegre teve o grande mérito de, contudo, ir em frente, de congregar vontades, emoções, créditos e descrenças bastantes diversificados. De reunir novos conceitos e novas ideias, novos rostos e novas disponibilidades. Ironicamente, só ele, na sua candidatura, era directamente identificável, na nossa memória colectiva, com a imagem do profissional da política.
Cada momento que passar sem claramente decidir o seu futuro, estará Alegre a esbater o significado dos votos na sua candidatura, que como gosta de salientar, não são propriedade de ninguém.
PS: este é um post-agent-provocateur de discussão ciclista. Vá... estamos cá para isso mesmo.
31.1.06
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4 comentários:
agent provacateur my ass
estou meio de acordo que Alegre teria tido outro discurso se tivesse sido apoiado pelo PS; aliás, acho mesmo que a quantidade de gente que foi atrás dele é algo que ele não teria antecipado completamente
acho mesmo que se as coisas tivessem sido planeadas com mais tempo, e ele com outras pessoas tivesse corrido as sedes de campanha e preparado a campanha com alguma antecipação, o resultado teria sido diferente
no que eu estou em desacordo é qd dizes que ele é um homem do sistema; eu acho que ele não é um homem do sistema; na realidade há poucos políticos em Portugal que possam dizer que são relativamente independentes (assim de repente só me lembro do Pacheco Pereira); o Alegre é um dos poucos gajos que conseguiria fazer este papel
Concordo. O que já considero oportunismo é estar dentro de um partido ao qual se aderiu livremente e longe de pressões, sem querer aceitar as regras. Ninguém obrigou Alegre a tornar-se militante de um partido. Fê-lo livremente. E a democracia é também aceitar limitações. Ele que se inscreveu no PS por opção própria não pode ora estar dentro, ora estar fora, quando lhe interessa.
Admiro movimentos de cidadãos, sem que hája "agentes infiltrados" para estarem dentro dele quando interessa e estar fora quando lhe interessa também.
Bem vindo a qualquer movimento de cidadãos para discutir Portugal, mas com cidadãos fora dos partidos.
Alegre pode e deve, como militante do PS, tomar uma decisão coerente:
1. ou fica e luta dentro do PS para transformar o PS, melhorando-o nos aspectos que tem negativos, e são muitos;
2. Alegre sai ciom a mesma liberdade com que entrou e faz o que bem quiser e lhe apetece.
pois eu não estou nada de acordo que Alegre tenha de sair do PS; até acho mesmo que NÃO pode sair do PS.
os partidos políticos não podem ser completamente donos do pensamento dos seus membros, ou seja, uma pessoa pode ser de um partido e ter a flexibilidade para fazer outras coisas, outro tipo de intervenções.
temos casos disso mesmo; uma pessoa poderia ser membro da Amnistia Internacional e filiada no PS, ou qualquer outro partido
acho que esta ideia que uma vez num partido as opiniões têm que todas iguais é um dos grandes males da nossa democracia (e mais especificamente do nosso parlamento)
Recuperar o Partido Socialista
Sempre acreditei na Esquerda dos valores e na utopia de uma sociedade justa e solidária. Mas, desde os tempos da faculdade, em que fui militante do saudoso MES, nunca mais pertenci a qualquer confraria partidária. No entanto, embora ache que os movimentos de cidadãos podem desempenhar um papel importante na formação da consciência democrática e no combate à "partidocracia", entendo que o Estado democrático não pode dispensar a existência de partidos políticos (os actuais ou outros), caso contrário, abrir-se-ia caminho a um regime em tudo semelhante ao que já tivemos durante 48 anos!
É preciso reinventar a Esquerda, é isso que me preocupa. E a reinvenção da Esquerda passa, inevitavelmente, pela reinvenção do seu maior partido, o PS, que é cada vez mais um partido liberal com laivos de social-democracia!
Apoiei Manuel Alegre. Empenhadamente! E fiquei triste com a sua prematura "derrota" à 1.ª volta!
Mas agora, apesar da minha condição de independente, entendo que ele não deve demitir-se do PS nem dos cargos para que foi eleito! Pelo contrário, os votos de mais de um milhão e cem mil eleitores, que, independentes ou não, são na sua esmagadora maioria votos genuinamente socialistas, exigem-lhe, mais do que a fundação de um movimento anódino ou de um epifenómeno partidário, mais tarde ou mais cedo condenados a um desaparecimento sem honra nem proveito, que ele se afirme corajosamente como alternativa capaz de recuperar o PS como autêntico Partido Socialista, como pilar insubstituível da Esquerda e de uma política de desenvolvimento que não esqueça nunca a solidariedade e a justiça social!
Maio/Aurélio Malva
PS — Um abraço especial ao T Magalhães
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