27.2.06

Darfur. Uns mortos valem mais que outros.

Peço-vos que leiam as seguintes palavras sobre o conflicto em Darfur e tentassem visualizar e consciencializar-se do que elas verdadeiramente significam: "Na primeira árvore encontrei um homem que tinha sido alvejado no pescoço e no queixo; o seu irmão, alvejado somente no pé, carregou-o durante 49 dias. Na árvore seguinte, estava uma viúva cujos pais tinham sido mortos e colocados no poço para envenenar a fonte de água; os Janjaweed procuraram depois o resto da família e morto o seu marido. Debaixo da terceira árvore estava uma orfã de quatro anos que tinha carregado a sua irmã de um ano às costas; os pais delas tinham sido mortas. Debaixo da quarta árvore estava uma mulher cujos maridos e filhos tinham sido mortos à frente dela e ela depois tinha sido violada em grupo e deixada nua e mutilada no deserto."

Este é uma parte de um ensaio de Nicholas D. Kristof para o New York Review of Books. Infelizmente não é ficção, é a realidade do conflito em Darfur. A questão é relativamente complexa e artigo explora causas e ponto da situação. Mais informação na wikipedia, num curto Q&A da BBC e num blogue muito curioso de alguém que esteve a trabalhar no Sudão. (continuação na Bicicleta XL)

1 comentário:

Anónimo disse...

Artigo interessante para perceber que os governos ocidentais já enviaram somas consideráveis de dinheiro em ajudas e, assim, talvez se questionem sobre o efectivo resultado desse "investimento" na paz (aparentemente nulo). Apesar de limpar um pouco a consciência talvez se questionem sobre o que fazer mais. Mas provavelmente só quando o número de mortes atingir números elevados num curto espaço de tempo, que permitam que as televisões apresentem trabalhos e imagens que prendam telespectadores e consumidores aos ecrãs para assistirem ao circo das atrocidades do "outro" mundo, então sim, os salvadores da democracia e da paz actuarão. Quantas mortes se poderiam ter evitado entretanto? Irrelevante para o mundo que conta.