19.3.06

Eleições na Bielorússia

Quando estive na Alemanha (em Erasmus) a minha melhor amiga era a Ljudmila. Nesse ano aprendi que Bielorússia está à mesma distância da Alemanha que Portugal…) e que Lukashenko, o presidente da Bielorússia era um ditador. Uma vez fiz uma montagem em fotoshop com a cara do Lukashenko num corpo de burro; os bielorussos riram-se muito e ficaram quase com medo de estarem a ver aquela imagem.

Hoje houve eleições na Bielorússia. Lukashenko, candidatou-se para um terceiro mandato (depois de ter alterado a constituição para poder fazê-lo…) e tornou a ganhar, numas eleições que ninguém aceita como legítimas.

Será que não deveria a Europa e o mundo ocidental meter o nariz neste caso? Eu acho que sim. Um pouco a mesma discussão sobre a intervenção no Iraque, que eu teria apoiado num contexto internacional e não liderado pelo Bush. (O que estranhamente são os argumentos dos neoconservadores americanos)

7 comentários:

Sofia Melo disse...

A balofa Europa (UE, entenda-se) apenas a custo vai conseguindo impor as suas directivas, e nem uma constituição europeia conseguiu estabelecer como deve ser, ainda.... quanto mais tomar a iniciativa de realizar uma intervenção deste género. Quando esse emplastro do Bush resolveu entrar pelo Iraque adentro tipo "tou chateado, não consigo vingar-me do Osama, vou bater no Saddam" querendo disfarçar internacionalmente essa atitude com um "somos os paladinos da liberdade e vamos libertar os povos oprimidos das garras dos maus", aí, a UE, como figura global, preferiu ficar num "não sei se vá não sei se fique....", remetendo para as opções dos estados membros...
Intervenção, sim, acho que se devia fazer qualquer coisa, mas dispensam-se as entradas triunfais tipo Jerusalém em Domingo de Ramos.

Anónimo disse...

Pois, não sei bem. Será que devereia passar a obrigatório a observação internacional das eleições independentemente da democracia estar ou não consolidada. Isso levaria a discussões ainda mais estranhas sobre a imposição do sistema democrático, etc etc. Ainda assim não consigo admitir a opção pela ditadura (seja ou não disfarçada), pois, apesar das eleições terem sido mesmo legítimas (admito nalguns casos esta possibilidae efectiva), as condicionantes exógenas ao voto livre são suficientemente sugadoras dessa mesma liberdade. Gostava que caíssem por si! Admito, por vezes, a necessidade de uma guerra civil (esperamos sempre que sem grandes consequências), as transições pacíficas com intervenção internacional raramente o são... estala o verniz mais tarde ou mais cedo. Haja gente do país com coragem para colocá-lo com orelhas e corpo do que quiserem!

Anónimo disse...

Uma curiosidade sobre ditadores e quasi-ditadores. Hugo Chavez, ao seu estilo, presenteia o seu amigo Bush (Mr. Danger) com uma série de adjectivos simpáticos, como "genocida". Notícia: HC chama a B "burro e alcoólico" (e não vi na TVI!).

Anónimo disse...

Ora estamos perante aquela série de situações em que podemos ser presos por ter cão e por não ter:
- deixamos cada povo decidir que regime quer e que, cada um, quando entender que mude a forma de ser governado, ou
- entendemos que a democracia é um valor a preservar e então, paradoxalmente, impomos a intervenção internacional, com todas as consequências que daí advêm (fazendo até a vontade de muitos que não têm meios/poder para tal)?
Não é fácil.
Mas costumo pensar que só quem não faz nada é que não erra.
Acho que alguma coisa devia ser feita, nomeadamente, pela UE. Mesmo correndo o riscos teórico-filosóficos (e práticos).

miguel p disse...

tal como na ucrania, as coisas vão-se resolver, mais tarde ou mais cedo.
poderá não ser mau de todo, que lukashenko apresente um resultado de 90%, obviamente uma fraude. ajuda a encher o copo da capacidade de sacrifício do povo bielo-russo, da sua capacidade de indignação e do seu orgulho.
a europa já meteu o nariz, apoiando os movimentos de oposição, nomeadamente apartir da polónia, emitindo estações de rádio em bielo-russo, fomentando a revolta, a oposição e a insurreição, num estado eminentemente policial e intimamente ligado á rússia e a putin.
só a rua pode resolver isto.

Anónimo disse...

Tiago, ainda bem que focaste um tema que me é caro, dado que vivi nesse país uma das histórias mais bizarras da minha vida.
No dia 9 de Agosto de 2005, eu e um amigo meu, fomos explusos violentamente do comboio que ligava Moscovo a Vilnius, visto que não possuiamos visto para atravessar a Bielorrussia. Assim, na fronteira da Rússia com a Bielorrusia, fomos brutamente explusos do comboio, sem que antes os polícias da fronteira nos quisessem extroquir todo o nosso dinheiro. Depois, fomos imediatamente presos e levados para uma sala de interrogatório, onde fomos interrogados em russo..., de seguida fomos levados para um corredor escuro onde se encontravam 15 polícias e 2 cães, com o intuito de nos intimidar.
Obrigaram-nos a ir a MINSK tratar do visto, e foi precisamente na capital que nos aprecebemos de toda a máquina de corrupção que tão bem estava oleada. Corremos de repartição para repartição, de embaixada para embaixada, mas não tinhamos hipoteses nenhumas de tirar o visto, porque todos os documentos tinham de ser preenchidos em cirilico e todas as despesas tinham de ser pagas através de um cheque levantado no Banco Nacional Central, logo teriamos que abrir uma conta nesse banco, também em cirilico. Deseperados e sem hipoteses nenhumas de sair do país, não podendo fazer merda, já que nos encontravamos ilegais, eis que um MILAGRE ACONTECE....
Um padre judeu, advogado e de 35 anos, de seu nome Roman, vendo o nosso desespero, ajuda-nos a tratar de todos os papéis e leva-nos de volta ao comboio...
De realçar, que na semana anterior a este episódio, as UN tinham divuldado um dos seus relatórios anuais, em que classificavam a Bielorussia como um dos 5 países mais corruptos do mundo e eu em conversa com o Roman fiquei a saber que a esmagadora maioria da população não gostava do seu presidente.
O país é muito pobre, com milhões de desempregaos e o salário mínimo é de 60 euros, sendo que um advogado pode auferir cerca de 200 euros.

Anónimo disse...

E essa tua amiga bielorussa era boa? tambem jogava voleibol? loura de metro e oitenta com cintilantes olhos azuis de facil marejar de lágrimas aos primeiros acordes do "borbujas de amor"?