13.4.06

Carlo Visconti, de Arganil

A Carlo Visconti é uma loja de roupa com aparente sucesso, fatos de bom corte, estilo moderno mas elegante. Italiana a marca, pensará o incauto. Portuguesa, dirá o conhecedor. De Arganil. Aparentemente é necessário um nome italiano para entrar no mercado internacional.

O catálogo da Carlo Visconti não foi feito em Milão. Os modelos posam sedutoramente com a torre da Universidade em fundo ou o Mondego como cenário. Os homens são altos, morenos, de olhos castanhos fundos, sorriso confiante; as mulheres loiras (muitas de olhos verdes), sorriso sedutor. Ah, o belo do lugar comum…

13 comentários:

Sofia Melo disse...

É o nosso mercado português: tudo o que cheire a estrangeiro, vende. E não pode ser uma questão de nome, tem também que parecer estrangeiro. Há uns anos (muitos...) fui a uma fábrica na Trofa de seu nome GANT USA, um armazém médio, cheio de bandeiras americanas penduradas, sem estratégia de marketing nenhuma. Hoje, é o que é, e os preços upa, upa. No Portugal Fashion, ouvi comentários do género, acerca do Américo Tavar (que tem colecções fantásticas e de excelente qualidade e ainda faz investigação acerca de novos materiais): "É bom, mas se tivesse um outro nome, estrangeiro... tinha mais projecção" - e a marca já é só "Tavar" há uns anos...

Anónimo disse...

Há imensos casos de sucesso na moda masculina, principalmente nessa vertente mais clássica. Ainda há pouco tempo passou uma reportagem num canal televisivo onde se falava da expansão, a nível europeu, de diversas marcas, optando estas, na generalidade, por marcas ambiguas e colagem ao italian design. Diga-se que várias iniciaram o seu processo de internacionalização quando a imagem do produto português ainda era pior e não poderem agora deitar fora anos de marketing direccionado nessa forma. Os espanhóis, como é notório, abordaram a questão de maneira diferente. A título de exemplo, a marca Decenio, cola-se totalmente a esse conceito, com publicidade que inclui sempre frases em inglês (next openings, our shops in portugal, etc.) quando penso que eles apenas têm lojas em Portugal. O site tem tradução italiana. Até há pouco tempo incluia um mapa europeu onde se podia clicar no país onde estavam presentes, estando Itália sempre em construção... Bem... É uma estratégia. Penso que actualmente as coisas estão a mudar um pouco, mas Portugal, na moda e em muitas outras áreas, tem muita dificuldade em se posicionar entre os produtos de mais elevada qualidade e preço, mas em que são batidos fundamentalmente pela Itália e pela Espanha, e mais baixa qualidade e melhor preço, em que são batidos pela China, Europa de Leste e uma infinidade de países. Não é tão fácil como se julga. Cada vez também é maior o sucesso de empresas assumidamente portuguesas, diga-se, mas quando a própria Zara opta, nesse segmento, por utilizar a marca Massimo Dutti, está tudo dito.

S Guadalupe disse...

Ainda assim acho a Inditex mais inteligente, pois usa nomes que dificilmente se colam a Espanha, ou já é do hábito?. Zara, Pull and Bear, Bershka, Stradivarius, Oysho. Excepção, de facto, para a Massimo Dutti que é mais carota e tal... deve ser por isso!

A C Visconti tem uns manequins de fugir... com cabelo à f... e posições típicas de JCasteloBranco!

S Guadalupe disse...

Compro muita coisa portuguesa, de criadores mais in e menos in. As pessoas que conheço que compram preferencialmente Versace, Cavali, D&G, etc... que também têm coisas engraçadas, mas bem mais caras e que existem por todo o mundo, elogiam muito a roupa que uso mas não compram , talvez poque não tenham a marca visível e o mongorama como decoração essencial.

Arranco as marcas todas, ou quase todas (nas gangas geralmente gosto e dá jeito por causa do cinto). Seria eu capaz de pagar uma boa maquia por uma tshirt e andar a fazer de publicidade ambulante?! Não! Deixo isso para os jogadores da bola e suas esposas.

afonso disse...

S...agora parecia eu a falar, eu também tirava as marcas, agora compro sem marca que dá menos trabalho e é bem mais barato...mas o "Carlo" é, apesar do nome, uma boa empresa e importante para a região...

Sofia Melo disse...

Acerca desta coisa das marcas, quem quiser ver tourada, é só ir até ao Bairro Norton de Matos num sábado de manhã, e ver uma mão cheia de tias quase à chapada por causa, por ex., da única camisa Ralph Lauren cor-de-rosa tamanho M que sobrou na tenda... hilariante.

tiago m disse...

cara bluerussian,

mais um estudo sociológico que te fica encarregue, esse do bairro norton de matos. parece ser interessante essa da tia e da camisa cor-de-rosa tamanho M, resto único da colecção primavera-verão

Anónimo disse...

Acho que temos que dar a mão à palmatória: os portugueses e as portuguesas (essas grandes responsáveis pelas compras lá em casa) parecem ainda não ter valorizado devidamente o 'made in portugal'.
É certo que não há grandes investidas estatais para o fomentar, mas acharia que as pessoas, a esta altura, já responderiam à qualidade versus à marca. Mas parece que não. Essa do Américo Tavar não sabia, e é triste.
Temos a história da Salsa e da Sacoor que confirmam a importância de um nome estrangeiro ou, pelo menos, ambíguo.

Anónimo disse...

ah (já me esquecia)
tiago m, deste um trabalho de grande envergadura à russazul
É que por esse país fora acontece o mesmo que no bairro norton de matos, ele é ver as tias a descabelarem-se nas melhores feiras do país.

PS: 'Melhores feiras': aquelas em que se podem encontrar artigos de marcas de prestígio com facilidade e a preços módicos. Artigos de vestuário e têxtil-lar.

Anónimo disse...

(prometo que já me calo)
o que me chateia não é comprarem-se artigos estrangeiros (se forem melhores e/ou mais bonitos, o que é que se há-de fazer?)
mas sendo a qualidade e design de bom nível porque é que as pessoas não valorizam o produto nacional?
não sabem/conhecem? provincianismo? anos e anos de mau gosto versus prestígio reconhecido?
não se aperceberão que estão demodé?
não estarão as tias a perpectuar, ilusoriamente, uma sociedade em que só alguns tinham acesso a artigos tão caros, comprando na feira? Este paradoxo é fabuloso! Deixemos as feiras para as tias...

Anónimo disse...

e quase isso, masi ou menos assim a utopia da vida anda por ai fazer das suas com os portugueses que fazem as melhores coisas do mundo mas so gostam delas quando vem do estrangeiro.
como por exemplo os nosso governantes que podiam apanhar uma intoxicacao alimentar ali em qlqr restaurante xines mas tem de ir a luanda... ou como aquele meia mendes que acha os deputados do ps e que tem de trabalhar enquanto os do psd vao para o algarve a procura de uma decotadas, metidas, etc e tal.
mas nao ha ai alguem que entale esse???

Sofia Melo disse...

No problem, cara maria e caro tiago m, esse estudo sociológico da tia descabelada até é uma coisa gira de fazer; deixem-me é acabar o estudo das gajas no algarve, que neste momento já se alargou tb aos gajos, por uma questão de justiça.
Quanto às feiras, a da minha terra (Ponte de lima), é 5 vezes maior que a do norton de matos, e não tem uma unica marca "de prestigio" a vender, que o Daniel Campelo não deixa. E não deixa de ser, pelo menos quanto a mim, a melhor das feiras. Depois, uma parte das camisas da Gant, da Burberry's e da Ralph Lauren são ainda feitas cá nas fábricas tugas... algumas das verdadeiras que por lá há no Norton de Matos (de vez em quando aparecem), também. As coisas que se aprendem com os ciganos... a mim o que me chateia mesmo nas feiras é outra coisa: o textil chinês há muito que se sobrepoe ao textil nacional. E depois admiram-se que as fábricas de confecções fechem... Na palavra do cigano, o artigo é mais reles, mas é diferente, sai mais baratucho, e o cliente não liga: por 5 euros a peça, que mal faz um defeitozinho?

Anónimo disse...

Sou músico e há muitos anos que não compro nenhum fato de outra marca e já tive muitos colegas de orquestra que compraram Carlo Visconti, a conselho meu e aderiram exclusivamente à marca de Arganil. Nome italiano ou não (até porque não há nenhuma etiqueta visivel), a qualidade é inegavel.
Já agora, alguem sabe o site do catálogo deles?