somos todos jerosolimitas
embora incontornávelmente legítimo, será que a criação do Estado do Israel, naquelas circunstâncias políticas e sobretudo geográficas, constituiu um erro histórico, com um preço demasiado alto, a pagar por todos nós (muçulmanos, cristãos, judeus e ateus)?
não pelas razões sectárias de Ahmadinedjad, mas sim porque desde Saladino e de Ricardo Coração de Leão, que ficou provado que tanto a diplomacia, como o derramamento de sangue são infrutíferos, tendo sido sempre aquela, a região mais sensível de todo o Mundo, especificamente Jerusalém, que encerra em si o coração emocional das três Religiões Monoteístas e por isso una, indivisível e obrigatoriamente plural.
Os culpados disto, também somos nós, europeus, que desde as cruzadas até à invasão do Iraque, a única coisa que conseguimos, nas bárbaras excursões à terra santa, foi avivar o sentimento pan-muçulmano fundamentalista.
é curioso lembrar-nos, que na escola, só falamos das conquistas das Cruzadas e do seu heroísmo. nada sobre a forma como os muçulmanos correram com os Templários e Hospitalários, porque o fizeram, como se comportavam os europeus por lá e o que inviabilizou a sã convivência.
o Amin Maalouf explica isto tudo muito bem.
4 comentários:
Há erros sistemáticos os decisores da história. Esse é o erro dos erros!
A visão eurocentrista está sempre presente e nem questionamos. Ao contar à minha filha a história dos reis de Portugal, vejo-me a classificar os mouros (e espanhóis noutra época) como os "maus". Isto é MUITO MAU! Mas sai da boca para fora. O Bem e o Mal como valor cultural é causa e simultaneamente consequência dos processos históricos.
Quando pensamos o tempo (a sua mensuração), por exemplo, as datas, as horas, os anos (o AC e DC)... são as nossas. O NOSSO é dominante. Mas dominante para quem?
O (nosso) mundo alimenta pouco o relativismo e vive demasiado centrado sobre o seu próprio umbigo.
E os portugueses, espanhóis, franceses, italianos, holandeses, belgas, alemães e, nessa área, principalmente os britânicos quando eram potências hegemónicas nunca tiveram comportamentos muito propiciadores à paz. Desde logo porque foi através da guerra ou da subalternização dos povos nativos, mais ou menos violenta, se estabeleceram os interesses políticos e económicos de cada um deles. E claro que também os povos não europeus fizeram a mesma coisa. Actualmente, com os E.U.A. como hiperpotência, as coisas vão-se repetindo. A vã tentativa de perpetuar, e ampliar, esse estatuto sempre foi a causa da instabilidade regional e global. E muitas vezes a razão do seu declínio. Quanto a Israel, a razão é a mesma. A sua posição de potência militar regional, conseguida com o forte apoio ocidental com a intenção de ser um ponto estratégico dos interesses ocidentais, levou-a a tendências expansionistas que ampliaram o ódio vizinho. Lembro que os árabes também não estão isentos de culpas e que a causa palestiniana não era abraçada pela maioria dos estados vizinhos. Bem, é melhor parar por aqui. De qualquer forma, de certeza que lerei brevemente o Maalouf. Aconselho também uma leitura, diferente mas muito enriquecedora, sobre este assunto: "O Pó do Império" de Karl E. Meyer.
assim como, de acordo com o que aprendemos na escola, para nós os "mouros" são os maus, nas escolas deles há-se ser ao contrário, claro. quer queiramos quer não, estas conjecturas vêm do egocentrismo de cada povo. E provavelmente ao contrário do que se podia querer e imaginar, a tendência é haver cada vez mais agudezas. Tou para ver quando temos outra guerra santa, em que o mote é converter, mas pela destruição massiva....
tenho por estados que são na sua essência religiosos a mesma antipatia que reservo para as monarquias. Mas a verdade é que de todos os países daquela região, aquele onde os meus valores mais estão identificados é em Israel e não posso ignorar isso
a nossa história só fala de um lado da história. Todos nós sabemos as várias peripécias dos vários reis e rainha do do nosso país, quem dormiu com quem e quem tirou o coração a quem. Houve vários reis que dominaram mais de metade do nosso país duranta todo esse tempo e nem sequer o nome de um deles sabemos. É um bocado triste, esta duplicidade de critérios…
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