9.4.06

Veio no Economist. E depois!?

No editorial de sábado do Público – sobre as eleições italianas – o ponto de vista do jornalista é reforçado porque "a revista The Economist…" diz a mesma coisa. Acontece vezes sem conta na imprensa nacional, esta autoridade do The Economist. Ora o The Economist é a revista menos neutral que se possa imaginar, completamente anglo-saxónica acreditando que qualquer intervencão estatal é maléfica e os seus artigos distorcem os factos para encaixar na sua perspectiva política. Honra lhe seja feita, não escondem isso de ninguém. Mas então porque é que a imprensa portuguesa sistematicamente lhe dá esse papel de neutralidade e autoridade?

9 comentários:

S Guadalupe disse...

Mais um sintoma do provincianismo portuga. E não é somente com o The Economist, há mais exemplos... o crédito que concedemos a terceiros só porque são de "não sei onde" e "não sei o quê" é assustador. Quem não se recorda do rebuliço provocado pela Times quando veio a Bragança! Claro que este exempl não serve na perfeção, mas se fosse outro qualquer jornal ou revista a cosa não teria sido tão badalada... Os jornalistas de lá são como os de cá, uns bons e outros nem tanto, mas nada disso importa quando a notícia vem de "não sei onde"...

S Guadalupe disse...

Time, claro!

Sofia Melo disse...

É o costume: vem do estrangeiro? Ai, é o máximo... O "Vá pra fora cá dentro" que se lixe, assim como a inteligência e competência dos nossos profissionais.

Anónimo disse...

Bem... Não sou tão negativista.
O segredo da valorização da "inteligência e competência dos nossos profissionais" tem sido mais pró: " Vá para fora para brilhar cá dentro." E a coisa, ainda que deste modo tortuoso, compõe-se. Leeennntammmeeeente, o nosso provincianismo ultrapassa-se com uns bilhetes de avião, umas estadias trabalhentas em países menos provincianos, que nos poem "lentes para vistas globais" e nos dão outra capacidade crítica... cá dentro.
Um dia virá, acredito,em que o The Economist nos citará... Optimismo oblige.

Anónimo disse...

Pois eu acho que o facto de se ter estado no estrangeiro valoriza os nossos profissionais em alguns casos. Acho que não deve haver pruridos em assumir que, de facto, em várias áreas, em determinados lugares no mundo, sabem mais. Portanto, podemos aprender com eles.
Acho também que há um provincianismo que se vai esbatendo, precisamente porque o espírito crítico dos que estão cá dentro (e dos que foram e voltaram) existe. E este blog é um exemplo disso mesmo.
Não sei se o The Economist nos citará, mas quando a comunicação social portuguesa decidir construir uma boa imagem de si própria e fazer um trabalho que nos faça acreditar na sua seriedade, deixará de necessitar de validar as suas posição com 'autoridades' estrangeiras.

Anónimo disse...

Portanto, concordamos em tudo, maria!
Só acrecento um detalhe: quem valida as posições são os leitores, não os escritores. Como se prova pelo "post" que origina os nossos comentários.
Depois vem o problema, na minha opinião: Quando a comunicação social portuguesa tenta "construir uma boa imagem de si própria e fazer um trabalho que nos faça acreditar na sua seriedade", está a fazer Marketing e não Jornalismo. E é disso que falamos, parece-me... Preocupada em parecer culta e universalista, a imprensa lê o The Economist e cita-o. A quem lê, esperará o autor, a citação parece - ao que diz quem parece saber, não é - uma confirmação de autoridade.
Eu não tenho maiores expectativas em relação à imprensa do que em relação à massa crítica.
Crescendo a segunda, decrescerá o provincianismo da primeira.
Por ser, decidem os donos dela, o espelho e não o modelo da segunda.

Paulo Coelho Vaz disse...

bom da cs portuguesa não pode esperar muita coisa. mesmo do publico tiago.
fracotes, mas com alguma arrogancia, os jornalistas portugueses têm uma caracteristica propria confudem quase sempre informar com comentar, acabando quase sempre a ultima por prevalecer.

Anónimo disse...

Tenham calma com os jornalistas. Imaginem-se vocês jornalistas e que queriam saber mais sobre qq coisa. Então telefonavam para dois ou três inteligentia de Portugal que lhes diziam aquilo que o jornalista já sabia. Pergunta ele (a esse inteligente)... ...não há mais ninguém que saiba sobre isso aí na Universidade? A resposta derá ser:
'Há aqui o Doutor Descabelado, mas sabe é um teórico, não sabe nada da realidade (como eu). Sabe nunca esteve no governo, e veja lá, até teve que fazer provas para ser professor associado (ao contrário da minha pessoa, que por ser inteligente e estar no governo nem doutoramento e sou catedrático convidado)'

O jornalista fica a pensar, que merda, leio o The Economist,o Time e o Le Monde e ponho o que lá está...
... é por estas e por outras que o filho do Doutor Descabelado vai fazer carreira lá para fora...

S Guadalupe disse...

Já agora, quais são as publicações em que confias? Tens algumas, não?