A Inércia Assassina do Estado
Há locais nas estradas portuguesas onde sistematicamente morrem pessoas e que o Estado ignora. A DECO e a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) lançam uma campanha para resolver alguns desses pontos. Para Manuel João Ramos da ACA-M "não é necessário morrerem cinco pessoas num determinado local para assinalar um problema".
E não será possível processar as entidades que sabendo disto não fazem nada? Eu gostava que os tribunais investigassem e explicassem como a inércia corrompe o Estado e mata tanta gente.
7 comentários:
as teorias economicistas, quando se debruçam sobre a prevenção rodoviária, dizem que a prevenção indiscriminada não é positiva para o Estado. Ao que lhes parece, apenas deve existir prevenção dirigida a jovens e adultos até aos 50 anos. Caso estejamos a fazer prevenção para maiores de 50, estamos a adiar os problemas.. imagina. Também dizem, estes srs, que um bebé que morra é facilmente substituível, os meios de produção não têm custos e o investimento do Estado no bebé ainda foi escasso. Imagina. Há argumentos para tudo... E nada de argumentos humanitários por aqui.
Para o Estao seria muito bom que morressemos, de acidente (perferencialmente no local do sinistro), logo após atingirmos o início da declínio da produtividade. Isso é que seria gastar pouco! Nada de necessidades de hospitais, cirurgias, reformas, etc etc... Está provado que gastamos mais em saúde no última semana de vida do que em toda a vida. Já imaginaste onde poderíaos chegar com a implementaçao de tais ideias?? Extermínio dos "inúteis!.
Assim, o Estado, apenas está aproporcionar uma outra forma de extermínio...
É tipo: "trabalhem até aos 100 anos ou morram.... neste último caso, nós proporcionamos os meios".
Admirem-se...
Processar, até que se podia, mas isso seria tão eficaz como plantar pacotes de batatas fritas no cimento, e esperar que brotassem buganvílias...
Adorei a tua metáfora, blue!
Aproveito para reparar erros no meu texto: Estao é Estado; perferen... é preferencialmente... e há mais! Tenho de trocar de teclado
Pois na gloriosa cidade do Porto, na VCI (também conhecida como bia de cintura interna) a caminho do fantástico estádio do Dragão, um bom percurso para acelerar e onde ocorreram acidentes e se contabilizaram demasiados mortos e feridos, há 1 ano e tal (talvez 2) colocaram uns sinais luminosos enormes: "RADAR. Reduza, velocidade máxima 90 km/h".
Não é que o pessoal começou a andar mais devagar com medo da multa? No princípio houve o mito urbano de que 'havia multas'.
Mas, desde essa altura, não há acidentes com mortos ou feridos graves, apenas umas chapas batidas, o trânsito lixado - nada de novo na imbicta.
Eu acho que o mundo ainda não está perdido, ainda há uma luz ao fundo do túnel, isto é, aliás da VCI...
Eduarda, Matosinhos
pois realmente não é totalmente assim, vai-se fazendo alguma coisa.
tive oportunidade, nos ultimos quatro anos de fazer parte, por inerência, de uma comissão distrital de segurança rodoviária.
estas reunem de dois ou três meses, sob a égide do governador civil, com a convocação de todos os presidentes de camara dos concelhos do distrito, comando distrital da GNR, PSP, bombeiros, INEM, Direcção Geral de Viação, DREC, administração de Saúde (do centro neste caso) e HUC e por fim o sr. director de estradas do distrito (Instituto de estradas de portugal) que ´o responsável, pela manutenção, rectificação e construção das estradas do distrito.
e faz-se trabalho. os autarcas reclamam as intervenções nas estradas e sinalizam os pontos negros; os bombeiros, ars e o inem assinalam as facilidades/dificuldades no socorro, a gnr e psp, a drec 8escolas) e a dgv têem a seu cargo as questões de fiscalização, sensibilização e educação rodoviária.
não é suficiente, mas há mesmo muita gente a pensar e a agir no problema, que é também cultural.
lembro-me dos primeiros anos que fazia o ip3, que era um verdadeiro susto, e foi no âmbito destes encontros multidisciplinares que se conseguiu diminuir sinistros e mortes, em penacova e na descida do botão.
quanto á responsabilização do estado, esta existe desde que comprovada, claro. sei de quem tenha tido um pneu pago por uma camara, por ter-se rebentado num buraco e outros casos de vidros partidos por pedras na via, etc.
o caso do julgamento da ponte de entre-os-rios, insere-se neste âmbito e poderá até tornar-se numa referência futura, quanto à responsabilização técnica e pública inerente ao estado
Eduarda
isso é bem verdade, mesmo os de fora do Porto, como eu, respeitam as novas regras da VCI a rigor! (um àparte: Há pouco tempo uma senhora, ao desenhar num papel umas indicações... escreveu mesmo BCI;)).
Não se qual a avaliação que terá sido feito da tolerância zero!
excelente explicação Miguel, fica-se a saber que pelo menos há gente a pensar no assunto. Embora eu continue a pensar que umas condenações em tribunal não faziam mal a ninguém…
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