23.5.06

Ricardo Costa – O Rosto da Vergonha

Ontem no Pós e Contras um debate com intensidade, opiniões fortes e palavras fortes. Ricardo Costa apareceu na pele habitual dos jornalistas em Portugal, a de juíz que pode criticar e ter a última palavra sobre os outros. Ricardo Costa nunca errou, acha que fez bem em sintetizar o debate sobre Lisboa unicamente com o não aperto de mão de Carrilho a Carmona. As agências de comunicação não são um problema; os jornalistas fazem erros mas ele e a sua televisão não. Carrilho tem de provar o que diz (como se não fosse a tarefa jornalistas investigar relatos deste tipo!). Ricardo Costa ainda teve tempo – como um qualquer político rasca e básico – de mandar umas alfinetadas preparadas ao Carrilho e citar umas frases fora de contexto, à chico esperto.

Relativamente às agências de comunicação, Ricardo Costa diz que não tem nenhum problema e que o Carrilho devia perguntar ao governo quantas agências de comunicação trabalham com o governo. Ou seja, Ricardo Costa – jornalista… – acha que Carrilho deveria fazer jornalismo de investigação. Surreal.

17 comentários:

Paulo Coelho Vaz disse...

E eu até tinha o homem em mais ou menos boa conta!

Mas aquela dele dizer que não conheçe as campanhas partidárias por que não participou em nenhuma....

Então o senhor é irmão de quem?!?!?!
Não é do António Costa, dirigente nacional do PS faz muuiiiiitos anos??? E eles não se falam??? Helllooo!

Para o Ricardo Costa tecla 3!!!

S Guadalupe disse...

Bem, passámos a discussão para cima mas não a elevámos... antes pelo contrário!

Eu continuo a ter Ricardo Costa em muito boa conta. É dos jornalistas por quem tenho consideração e ouço. Acho que ele ontem não esteve inicialmente muito bem, mas foi picado de forma indecente. Admitiu as coisas que tinha de admitir e tentou defender o seu zelo.

Acho que há nesta leitura uma tal distorção que nem me atrevo a insistir nos comentários! De facto, só se vê o que se quer!

E o Carrilho é o rosto de quê?

S Guadalupe disse...

Insisto

confirma-se uma vez mais (e aos nossos olhos) que estes dois poderes poderosíssimos não convivem nada pacificamente quando são exercidos com vontade e garra.

Por outro lado ficam em aberto a necessidade imperiosa de uma investigação séria sobre a plena convivência de ambos os poderes em comunhão pouco clara e digna.

Não se confundam comigo! Eu acho que há coisas estranhas na relação política/media, não acho é que neste caso tenha sido justificação para nada do que pretende justificar-se.

Sofia Melo disse...

O que vale é que, neste país de brandos costumes, eles na TV degladiam-se como bestas enraivecidas, mas na hora do socialite, são todos bons amiguinhos. Ficamos mais descansados, a fúria dos actores é só teatro: assistimos, batemos palminhas e vamos à nossa vida. Eles ganham o cachet deles, e vão beber uns copos.
Entre Política e Media a relação nunca daria certo, ambos têm demasiados segredinhos que têm que manter, e ambos estes "conjuges" são demasiado sacanas... é uma coexistência nem sempre pacífica, um amor/ódio. Mas no fundo, não vivem um sem o outro, não é?

miguel p disse...

tiago, concordo e assino por baixo este teu post. muito bem.

também vi o programa e realmente foi revelador e esclarecedor quanto a pessoa de ricardo costa, já que quanto aos outros presentes apenas se confirmaram posturas e poses.
o ricardo costa estava bastante nervoso e foi realmente penoso ve-lo a acusar o carrilho que não tinha aplicado o código deontologico dos jornalistas(?!) na elaboração do livro! surreal!
e caiu na sua propria armadilha final ao insistir em enfatizar a frase do carrilho (de resto infeliz) sobre o sarmento, sem referir o que disse o sarmento para tal reacção. não resistiu à tentação e revelou-se.
portou-se como um alterado, vulgar e parcial comentador, que por acaso manda numa tv e que chegou a dizer que se sentia como representante dos jornalistas, o que é bem assustador.
não me surpreendeu a tendencia anti-ps do ricardo costa, alias perfeitamente reconhecivel para quem o oiça. eu até vou continuar o te-lo em conta, mas ontem borrou a pintura e deixou cair a mascara, antes assim...

conclui-se que pobres de nós se cairmos em desgraça entre jornalistas, mesmo que seja por nos pormos, consciente ou inconscientemente a jeito, como terá sido e continuará a ser (pelos vistos)o caso do carrilho

Anónimo disse...

Nem acredito no post que li...

Paulo Coelho Vaz disse...

Passámos a discussão para cima mas não a elevámos?!?!?!?
Não sabia que o Ricardo Costa era a Imaculada Conceição...
Ups! Lá estou eu outra vez a não elevar.
Ok Já percebi. Criticar os que se põem a jeito é elevado. Criticar o Ricardo Costa não é elevado.
xauu.

S Guadalupe disse...

Ainda bem que há polivocalidade, pluridade e parcialidade na opinião. De contrário, seria uma verdadeira chatice.
É a velha história do copo meio cheio e meio vazio...

Ainda assim, faço esforço de ver dos vários lados. É feitio!

Anónimo disse...

Começo por dizer que não li, nem tenciono ler, o livro do MM Carrilho. Mas o debate pareceu-me esclarecedor a esse nível. A única vantagem desse livro parece-me ser uma discussão sobre os media que apenas é lateral quando se fala de uma conspiração de tenebrosas forças anti-Carrilho, pois passamos a falar de crimes e não da suposta qualidade deste ou daquela canal, do rumo da informação, etc. Para mim, o livro, que repito não li, parece-me ser uma manobra de desresponsabilização de um autor cujo ego não permite compreender a razão da sua derrota. Quanto ao debate, a única pessoa lúcida foi JP Pereira, com o qual concordo praticamente na totalidade. MM Carrilho, que eu tenho, ou tinha, em boa conta, surgiu com graves tiques que poderão ser melhor analisados por peritos em psicologia, com paranóias de perseguição, aliadas a uma ingenuidade gritante. Qualquer pessoa minimamente atenta sabe como se processam as campanhas eleitorais. Acho incrível que tenha uma postura de puritanismo perante todas as estruturas comunicacionais, sejam agências de comunicação, publicitárias, de propaganda ou de assessores de imprensa. A sua campanha fracassou. Tinha melhores ideias do que Carmona Rodrigues, mas não as conseguiu passar. Seria obrigação da sua estrutura, por ele escolhida, fazer isso. Fosse ela mais pura ou menos pura. O seu colega de partido José Sócrates compreende isso melhor do que ninguém, sendo excelente em termos comunicacionais e elogiado por isso. Parece só agora ter descoberto o mundo em que vive. Independentemente de ser bom ou mau, a televisão, e a maioria dos media, funciona de determinada maneira, ligeira, previlegia o espetáculo, procura audiências através de modos não muito próprios, tendencialmente com um baixar da qualidade, com pouca profundidade. E então? Ele não sabia isso? O Cavaco Silva a espumar nos cantos da boca, o Guterres a errar contas, todas as gaffes possíveis e imaginárias não são passadas até à exaustão por todo o lado até ficarem fixadas no nosso imaginário? Não será visível que o Cavaco ou o Soares a passear à beira-mar com a família liga muito melhor com o imaginário que se tem destes políticos do que com o que se tem de MM Carrilho? Não é uma questão de direito, é uma questão de direccionamento da mensagem. Isto não é negativo. Pelo contrário. Pensava-se é que ele estaria acima disso. Que não precisaria desse tipo de coisas. Existiu, a vários níveis, uma incapacidade de construir uma imagem credível. E, pelos vistos, continua a existir. Porque este livro vai prolongar e acentuar ainda mais os aspectos que o levaram a perder as eleições. Deveria ter escrito livro em que expusesse todos os aspectos que o Emídio Rangel referiu, que são, sem dúvida, importantes. Mas, mais uma vez, não foram abordados da forma mais eficaz. No próximo debate tirem de lá o MM Carrilho e será muito mais interessante. Quanto ao Ricardo Costa, acusado da maneira que o foi, não teve, em vários momentos, a melhor postura. Mas MM Carrilho não o teve em nenhum momento. Pareceu-me estar a assistir ao comentário de um jogo de futebol, em que a derrota é sempre culpa do árbito. As questões da isenção dos media são muitíssimo importantes. As consequências do economicismo que impera nestes, e as suas consequências, também. A qualidade da informação, também. A transparência da actividade dos lobbies, que existirão sempre, também. A existência de jornalistas avençados, também. Mas, lamento, a imagem do MM Carrilho, por ele próprio trabalhada, de acordo com o meio em se movimenta, e que é o que existe, não.

miguel p disse...

rui
a questão já não é a de justificar o carrilho, a sua pose e a sua derrota. errou ele e o ps e ganhou o carmona. simples e claro.

para mim são é reprováveis as acções e reacções do ricardo costa, pelo papel que, supostamente, desempenha ao informar-me (nos) e influenciar a condução do meu (nosso) raciocinio e pensamento, enquanto "jornalista imparcial".
pareceu-me mais comentador parcial, emocional, reactivo e de tendência policial e julgadora.
que até pode pacificamente ser. assuma-o.

tiago m disse...

o Carrilho não está em discussão neste post; não é isso que eu quero falar. Não se tem que gostar do Carrilho para se achar que o Ricardo Costa esteve mal e que a postura dos jornalistas é problemática.

Coisas que o Ricardo Costa continua a achar que esteve bem e que não tem nada que considerar como erro:

- Dizer no dia das eleições: "Carrilho, por uma vez sem o filhho"; como se o Carrilho tivesse estado sempre com o filho na campanha

- Definir como momento importante da campanha o não aperto de mão e secundarizar o debate de ideias

- Dar dez minutos de antena ao director da agência de comunicação do Carmona para discutir o assunto, sem dar o outro lado da balança (e ainda teve a lata que ele telefonou para o Forum e que se o Carrilho devia também ter telefonado!)

Ora, só alguém de má fé pode achar que tudo isto está bem.

As minhas opiniões sobre o Carrilho coincidem com o resto da malta, mas, repito, isso não é o que eu quero discutir neste post.

afonso disse...

depois de tanto comentário falta pouco dizer ,mas já agora...
o Ricardo Costa é um imbecil de primeira ordem e as reacções que teve são próprias de quem ia atacar e não defender o seu trabalho e colegas jornalistas...foi, como sempre, mal educado e mentiroso, parcial e mal formado...uma vergonha...O Carrilho, concordemos ou não, o direito e o dever de dizer o que pensa e quer a justiça queros jornalistas fariam era bem em investigar da veracidade das suas afirmações e depois sim reagir...seria bom para todos...do Rangel não vale a pena falar, pois o homem está meio esclerosado...O Pacheco esteve bem na sua já habitual morrinha pachorrenta de quem diz o óbvio com a tranquilidade que certeza que toda a gente concordará com o que diz lhe dá, o homem é mesmo espertinho e razoável, não é?...
Estamos no mau caminho quando todos acham normal o que se passa e que todos deviam já saber com se processa e deviam também aprender a mover-se no pantanal...não me parece uqe o mundo deva ser a preto e branco...

Anónimo disse...

Não é uma questão de mundo a preto e branco ou de se mover no pantanal. O que eu acho é na política é fundamental ter ideias e debatê-las mas é também, num mundo em que se sabe como funcionam os media, ter o cuidado de as fazer chegar ao eleitorado, tendo obrigatoriamente de dar grande ênfase à comunicação. Isto é um lugar comum. Mas um lugar comum verdadeiro. Ele optou por entrar no pantanal e foi comido. Podia ter ido no barco. No barco dele. Repito que o Ricardo Costa não esteve bem, muito pelo contrário. Não esteve isento no debate. Mas dificilmente poderia estar depois dos ataques que sofreu. Claro que tudo o que foi dito deve ser averiguado, investigado e analisado. E tenho quase a certeza que o será. Como também disse esse será certamente a único contributo (e bem importante) que o livro terá. Mas tudo o resto é palha. Na minha opinião, tanto a imagem política de MM Carrilho como, mais importante, a credibilidade do que diz, teriam saído beneficiadas com outro tipo de abordagem. O resto acho que ficou claro. Não sou eu que acho que as coisas se devem passar como se passam. Estou simplesmente a ver o que se passa. E para ver mais do que se passa é importante que não se mandem simplesmente umas bocas mas que se concretize. E se ponha a justiça a funcionar. Se não só se cria o ruído necessário para tudo continuar na mesma. É a história do árbito, do fiscal, do responsável pelo urbanismo, do funcionário desta e daquela entidade. Ele pode e deve dizer, mas tem que provar, o que, na minha opinião, não fez. Existem outros canais onde o mau jornalismo e a pouca isenção são bastante mais notórios. Por exemplo, a jornalista e o programa onde este debate se processou. E claro que se deverá combater este estado de coisas. É bom dizê-lo para não dizerem que acho normal e que todos o deveriam fazer.

Anónimo disse...

pois pois com um post sobre o ricardo costa e sempre a falar do outro.
e depois claro nem percebem que os jornalistas portugueses sao na sua maioria, incompetentes, mal formados e desonestos!
E e sobre isso que penso que o post queria levantar o pano.
vejam o caso do carlos cruz e da tvi, mas por favor nao venham falar de pedofilia! a questao e a forma ilegal e desonesta que a tvi tratou o cc em detrimento do cs.
por favor sejam esclarecidos

S Guadalupe disse...

Recordo aqui uma notícia acesa na Assembleia da República, num contexto político bem distinto... Foi em Fevereiro de 2003 (12/02), a propósito da nomeação do Luís Delgado para a Agência LUSA.

O então deputado socialista Vicente Jorge Silva, disse:
"A nomeação de Luís Delgado é um erro de 'casting', porque ele não reúne os requisitos deontológicos e profissionais necessários para um cargo de tão elevada responsabilidade".

O Sr, esse sim, de uma imparcialidade absoluta, lá continua.

Eles lá sabem do que falam!!!!

S Guadalupe disse...

Onde está "notícia acesa" leia-se "discussão acesa"!

JPN disse...

concordo com o post. mais coisa menos coisa. e também não creio que o que aqui esteja em causa seja a derrota do Carrilho. Se quiseres passa pelo respirar o mesmo ar, na noite do debate irritei-me e fartei-me de escrever...lol