"A Prenda" Ou "The Candies"?
The Gift em concerto. Muita gente a assistir, interessada, que conhecia os temas, abanava a cabeça. Chega o hit, "Ok! Do You Want Something Simple?", a malta abana-se ainda mais, os lábios movem-se mas ficam-se pelo refrão.
Karaoke num bar duvidoso no grande Algarve. No écran "Bem Bom"; indiferente ao computador que se recusa a avançar mais que a primeira estrofe a malta, em uníssono, continua a berrar cada palavrinha. ("Cinco da manhã, ei!").
Daqui a 20 anos ninguém se vai lembrar das palavras dos Gift. E mais que a Laura Diogo, o Reinaldo e dos mitos urbanos à volta das Doce, as letras delas estão presentes porque são em português.
Porque cantam os Gift e tantos outros grupos em inglês? Só perdem com isso – capacidade de comunicação, expressão (seguramente que os Gift escrevem/pensam melhor em português). Será por facilidade, Em inglês nada soa ridículo?, ou porque um dia, talvez, por acaso, uma das músicas possa estoirar no circuito internacional? Tenho pena, o domínio cultural anglo-saxónio também se faz assim.
13 comentários:
eu não gosto mesmo nada dos gift, pela pose e pelo som que sai da pose e pela suposta novidade da proposta. mas não por ser em inglês.
acho que realmente há expressões musicais que perdem algum sentido se forem traduzidas para lingua-mãe do interprete. lembro-me do fado em japonês (como existe uma interprete), ou o blues em português ou o samba em inglês. há outros que se adaptam melhor (ex. o hip-hop francês).
no caso do rock ou da pop a chave está na qualidade das letras sejam em português ou inglês, como o caso paradigmático do maior letrista português, o rui reininho.
é que na lingua mãe, percebem-se melhor as letras fracas...
Gift, para mim, só em sala fechada. No Gil Vicente, há uns tempos, dera, um valente concerto. De facto, o inglês camufla muita foleirada. Peguem nas letras do Tony Carreira, ou vá lá, do Toy, traduzam para inglês,e aí têm letras parecidas com as dos grandes hits da pop mundial (Grandes gajos, têm a coragem de cantar aquelas barbaridades em português, mesmo).
é uma questão de opção e ponto final. é uma questão de estratégia. esses mninos mimados sempre tiveram a mania que se poderiam internacionalizar, que eles são muito bons e que o mundo editorial é que é injusto.
Comprei o primeiro album. Tem muito plágio, mas resulta muito bem. A música de que falas é muito boa. MAS de há 2 anos para cá estive mais atenta (ou fui obrigada a estar, porque há pessoas que me rodeiam que lhes têm um pó...) a tudo o resto neles: a postura é de uma arrogância incrível, há entrevistas masturbatórias de quem delira, o agradecimento a eles mesmos no MTV music awards... enfim, depois há coisas de bastidores ao nível da anedota. São uns parvos!
Bem sei que aguns não gostam, mas cantar em português só com letras muito boas. Sérgio Godinho, Rui Reininho e Carlos Tê (para os Clã) são o topo. Depois há algum funk/hip hop interessante. Há o pop dos Mesa que tem coisas que podem permanecer. E há mais... da música cantada em português sobrevive o que tem de sobreviver e há vivacidade, não passa é nas rádios, nem se dança em lado nenhum.
Mas curtido é cantar as Doce, ah pois é... os Táxi, etc... tudo menos os HUF
é uma questão de opção, é isso mesmo!
se a tentativa é de uma oportunidade internacional - boa sorte!!
se é por de convicção - "apetece-me cantar em inglês e ninguém tem nada a ver com isso" - é assim mesmo
para pôr o público português a cantar, aí já não terão o mesmo sucesso, muito menos daqui por 20 anos
guadalupe, acrescento às letras jorge palma e aos curtidos José Cid
a opção é deles, como é óbvio! O que eu digo é que as músicas têm muito menos penetração no subconsciente de todos nós quando cantadas em inglês.
Reininho é o maior. Variações também. E algumas frases das músicas deles (ou de outra boa música pop) são frases que identificam perfeitamente alguma situação. São tratados de sabedoria.
O meu ponto não era propriamente sobre os Gift, mas eu por acaso gosto bastante deles. Mas percebo perfeitamente que não se goste. Estão ali na fronteira do dramático, que com mais uns milimetrozinhos se tornariam insuportáveis…
já não os aguento!já passei a fronteira do dramático...
sim concordo contigo o Reinninho é o maior;
mas, oh Tiago e os Radio Macau ? simplesmente fabulosos , sempre!
"Ai eu já pensei mandar pintar o céu
Em tons de azul, p'ra ser original
Só depois notei que azul já ele é
Houve alguém que teve ideia igual"
Foi a primeira estrofe que me lembrei, quando estava a pensar numa letra portuguesa absolutamente perfeita. Não foi no outro comentário, vai neste!
(A cópia do AM.FM que eu tenho vem do teu disco! E agora já não os aguentas; isto os gostos dão cada volta…)
Tiago
Já falámos disto uma vez, eu dei-te as duas razões:
Primeiro porque é muito, mas muito mais fácil. 80% da nossa audição musical é em inglês, o que torna a criação musical bastante mais fluente utilizando o inglês e claro o ing~lês é uma das letras de mais fácil musicalidade pop-hip-rock
Depois porque as multinacionais da música, aquilo que fazem por esse mundo fora às muitos anos é procurar a next big thing e utilixá-la à escala mundial. Deste modo os investimentos (e quando se trata de um grupo novo é disso que se trata) têm sempre uma margem de retorno maior.
É por isso que daqui a vinte anos ninguém vai a um revival dos Gift e muitos irão a um dos DZRT...
Ah paulo, nao concordo... Daqui a 20 anos, ninguém se lembra dos DZRT (ou das algaraviadas do género morangos com açucar): os miúdos-fâs deles crescem, e esquecem. Os tipos da banda, estarão a apresentar programas em canais da TV cabo (ou qq coisa de manhã na TVI), se tiverem sorte. Mas os meus poderes adivinhatórios dizem-me também que eles não durarão muito tempo na ribalta.
daqui a 20 anos, eu era gaja para ir a revival dos gift...
Toda a gente fala mal dos Toranja, mas a mim me gusta mucho, pelas letras e pela música. Todos os supra referidos, gosto. excepto UHF, tb, e Sérgio Godinho, que ODEIO visceralmente.
daqui a 20? daqui a 2 meses... é lembrar os excesso (tive imensa dificuldade em lembrar do nome...)
só certos gostos , amigo Tiago!
hoje acho que a musica deles é uma música inacabada (opinião mt pessoal)e depois a postura deles, arrogantes / mimados ...etc , estou completamente de acordo com a SG , tudo isto ajudou a construir a minha actual opinião.
Quanto à letra em inglês e internacionalização da carreira é uma estratégia comercial como outra qq ,que sejam bem sucedidos, mas que mudem de atitude ,um pouco de "humildade" fica sempre bem.
Acho muito interessante que a bluerussian escreva que odeia visceralmente Sérgio Godinho e que gosta mucho dos Toranja... Dá-lhe um ar profundamente conhecedor, revelando uma sapiência fora do normal no que toca a música. Parabéns por tais afirmações. São de mestre.
Eu disse que odeio visceralmente O Sérgio Godinho, a pessoa, não o trabalho (as letras) dele, caro anónimo. Detesto a voz do homem, não posso ouvi-lo. Ainda por cima tive o azar de viver com pessoas que ouviam as músicas dele 24h por dia, se calhasse. quanto ao que escreve, é diferente, reconheço-lhe o valor, especialmente pelo que escreve para outros cantarem (e que o fazem muito melhor que ele).
Não podemos gostar todos do mesmo.
Boa ironia.
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