26.10.06

por água abaixo

As pessoas não estão preparadas para ficar sem as coisas que a rodeiam no seu quotidiano de um momento para o outro, mesmo que na retaguarda exista um seguro que lhes prometa a sua restituição. Os meus vizinhos do lado tiveram uma madrugada de 25 terrível, nesta minha freguesia "emprestada" de Antanhol. Ficaram com muitos estragos nos seus bens. Os muros tombaram qual dominó. Os animais foram-se com as águas. As casa foram invadidas por lamas. As ruas estavam um caos. Na minha freguesia de origem, Souselas, a situação foi mais prolongada ainda. Os estragos enormes. A empregada da minha mãe ficou sem todos os seus pertences pela terceira vez.

Como assistente social, parece-me que urge integrar um conjunto de políticas e medidas (dispersas) para que o diagnóstico seja rápido e abra caminho a uma intervenção urgente. A urgência da catástrofe imposta pela natureza não se compadece apenas com a solidariedade da vizinhança e com a limpeza da lama ou das cinzas. Fica muito por fazer!

2 comentários:

miguel p disse...

dá-me ideia que vamos ter que nos habituar á inevitabilidade da recorr~encia destes episódios. as manifestações extremas a nível meteorológico têm tendência a serem mais frequentes e com um forte aliado que encontram no nosso país, resultam em consequências graves.
esse aliado é o desordenamento generalizado do território, que ajuda aos incêndios no verão e ás cheias no inverno.
os culpados somos nós. continuamos a fazer de conta que não há construção ilegal (todas as periferias das cidades são um vergonha, e coimbra não é excepção, é mesmo um claro exemplo...) em áreas ecológicamente susceptíveis e continuamos a ter autarquias que se regem por instrumentos de ordenamento municipais (pdm's) totalmente desajustados da realidade ou obsoletos, ou então focados exclusivamente na visão economicista do território, de promoção cega da construção e especulação imobiliária.
a última a ter culpa é a água, que nunca deixou de ser previsível e que em caso algum escolheu outro caminho que não seja o mais rápido entre um ponto mais alto e outro imediatamente mais abaixo, nós é que teimamos em criar-lhe obstáculos...

S Guadalupe disse...

concordo absolutamente. mas já que assim é, há que estar preparado para sair das armadilhas que montamos.