o doente mental e a violência
Trabalhei com doentes mentais inimputáveis há uns anos atrás, no início do meu exercício profissional. Tinha muitas dúvidas e preconceitos que se desvaneceram.
De cada vez que assisto a um julgamento da opinião pública acerca de um acto de extrema violência que se supõe ter sido perpetrado por um louco, tremo! As generalizações assustam-me e levam inevitavelmente ao medo, ao estigma e à exclusão social das pessoas conectadas com este rótulo: o maluco, o louco, o insano...
A doença mental agrupa um conjunto de situações que são completamente distintas entre si. Nunca podemos falar de um psicótico, colocando-o no mesmo saco de um psicopata ou sociopata. Estas duas últimas situações nem sequer permitem a inimputabilidade.
Claro que há doentes psicóticos que praticam crimes, estando normalmente completamente descompensados, com alucinações e delírios, e normalmente contra pessoas que lhes são próximas emocionalmente. Esses não têm crítica ou consciência face aos actos que cometem.
Mas atenção, a percentagem de crimes cometidos por doentes mentais em Portugal é ínfima. Os crimes são na sua esmagadora maioria cometidos por pessoas ditas normais! Somo nós, os sãos que matam ou violentam outras pessoas sãs!
2 comentários:
És parvo, mas és distinto
só vês o que tens perto
não compreendes que te minto
quanto te trato por esperto
Neste mundo onde sobejam
os homens de pouco siso
talvez os malucos sejam
os que têm mais juízo
Não sou esperto, nem bruto
nem bem, nem mal educado
sou simplesmente o produto
do meio em que fui criado
Casado que arrasta a asa
há mulher deste e daquele
merece que tenha em casa
um outro no lugar dele
António Aleixo
Ele falou de hedonismo, deboche, volupia, desigualdades sociais, orgias universitárias, consumismo exarcebado, demonstrações de riqueza, etc..., penso que o que ele relatou é tudo verdade e em certa medida condenável, mas o acto de assassinar 32 pessoas inocentes é, de todo, muito mais condenável.
claro, nem coloco em questão a condenação de tal acto e de todos os semelhantes.
Mas este rapaz tinha todos os traços de um sóciopata... não era um "simples maluco". Nunca seria possível considerá-lo irresponsável pelo crime brutal que cometeu... e não por ter sido brutal, mas por ter tido a capacidade de planear o crime.
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