10.3.06

o Lobby lá é mau. Mas dá cadeia! E cá?

O K street project, é uma fusão da indústria de lobby com o sistema do establishment do partido republicano e tem como objectivo máximo dominar a política americana.

Nos EUA os partidos são pouco estruturados (p.ex., não há sede de campanhas, cada candidatura começa do zero, das máquinas de fotocópias, aos voluntários); daí a importância dos "lobbyists" que conseguem dinheiro e, claro, exigem algo em troca. Os lobbyists são muitas vezes ex-políticos, num sistema de "revolving doors", de promiscuidade permanente. Abramoff, um poderoso lobbyist, foi apanhado em negócios pouco recomendáveis. Uma tribo india esteve com Bush, e pagou $25.000 a Abramoff. Peanuts, comparado com os 9 milhões de dolares (!!!) gastos pelo presidente do Gabão.

E em Portugal? Quando o Macário Correia foi enxovalhado pelo "Independente" de Paulo Portas e MEC, não houve dinheiro das empresas de tabaco? E quanto acesso a ministros e secretários de estado têm os financiadores e os ex-ministros e ex-secretários de estado, hoje quadros de empresas privadas e públicas. E porque é que há tão pouca investigação sobre estes assuntos? Será que não temos suficientes jornalistas/comentadores/canais de cabo em Portugal?

Ou seja, lá é mau; mas eles são apanhados. E por cá, eles não existem?

5 comentários:

Sofia Melo disse...

Existem, ó se existem. Temos por cá uma classe de inatingíveis, com poder suficiente para o lobby, que vai permanecendo no limbo da intangibilidade. E se, por descuido, se deixam apanhar, o sistema judicial é tão ridiculamente ineficaz, que o que resulta serão apenas algumas beliscaduras, provocadas mais pela publicidade dada pelos media do que pelos processos de per si. Por exemplo, o crime de corrupção passiva para acto ilícito, é previsto no C. Penal com 1 possibilidade de dispensa e 2 de atenuação da pena (que é de 1 a 8 anos), possibilidades estas muito fáceis de preencher pelo corrupto, em sede de julgamento. Agravantes para este crime, não se prevêm...
O jornalismo de investigação funciona, se assim não fosse, estávamos na mais plena ignorância sobre casos destes, e lá se vão sabendo umas coisinhas. Mas, com esta moda nova do Min. Público tirar os pcs aos jornalistas, não sei onde isto vai parar...

miguel p disse...

tiago, só queria uma nota de cinco euros por cada mulher fumadora que beijaste e repetiste, mesmo sabendo-te a cinzeiro.
o macário foi infeliz e o independente foi implacável e (eventualmente) cruel, mas numa altura em que, para eles, o saco de pancada era todo o cavaquismo.
o lobby existe em todo o lado e não tem forçosamente de ser uma coisa negativa.
o que é ilícito ou criminoso, deve ser obviamente penalizado, mas as fronteiras do tráfico de influências são tão relativas...

tiago m disse...

Caro Miguel, achas então que o problema da pressão iligitima não é um problema? Eu acho que é, e que coisas fáceis como saber quem paga as campanhas, quem tem acesso ao processo legislativo, etc era investigação fácil de fazer e que nos poderia elucidar algumas coisas. Essas estão documentadas (e nalguns casos julgadas) nos States. Mas aqui não acontecem?

Quanto ao Macário: mas o que é que uma frase de uma campanha publicitária diz da competência de um secretário de estado? Se essa é a tua medida, não se safa ninguém! (para além de que é óbvio que essa frase queria chocar e chamar a atenção para algo, o que claro implica por vezes raiar o mau gosto).

o meu ponto nem sequer é esse: o que eu digo é que é preciso saber quem está a pagar a quem para dizer o quê. Ou achas que é tudo legítimo? As empresas de tabaco coagiram, intimidaram cientistas, mentiram nas consequências que sabiam existir dos seus produtos. Hoje estão a fazer o mesmo em países que ainda não têm essas leis (enquanto hipocritamente se vestem de preocupadas morais no mundo ocidental). Engraxando os políticos todos ao seu redor. Eu tenho uma desconfiança grande que o grande moralista Paulo Portas recebeu algum desse diheiro para o seu pasquim. E gostava que isso tivesse sido investigado na altura.

Anónimo disse...

Proponho que a danone e a marlboro façam, para alem de yogurtes e cigarros, um politico portugues como deve ser.
Assim já podiamos ver o spot da senhor na mercearia a perguntar "ó shôr silva este politico é português?", e o rechonchudo cofiando o bigode diz "oh menina esse nao engana, vem do algarve e até diz - a politica mata, eleger bloqueia as arterias e provoca ataques cardiacos, enfartes e problemas de erecçao, ou este politico rouba -, como acontece hoje com o tabaco a malta ia continuar a eleger claro: vale mais um ladrao conhecido que um gamante anónimo.
Sim sou a favor da pressao legitima, do esclarecer à partida onde quer bater à chegada, prefiro escolher entre os varios tipos de ladroes especializados do que eleger um gamante generalista e pouco conhecedor de nada mas influenciador de tudo.
Acho que mais do que recensear as aves de capoeira é importante criar um chip identificativo da estirpe e origem dos proventos de muito galaró que anda à solta.
Já agora se estas leis nao puderem nascer numa das maternidades portuguesas a encerrar, que venha de badajoz, aumentando a vergonha e subalternizaçao de toda uma regiao, nao tendo em conta a dignidade simbolica da situaçao e tudo em nome da racionalizaçao dos gastos.
Que dirá disto o MIC e o seu recém refinado conceito de pátria, como de costume nada, nada, nada, nada, nada. Tiago... tiago... mais uma vez foste no canto da sereia, venceu esquerdalho libertário e o velho lema é bom desde que pareça independente, mesmo que saibas que é incompetente.
Tu nao aprendes moço

OFF - Boa night ontem na via, ganda sound e o jw nao é marado, um achado

miguel p disse...

"o que é ilícito ou criminoso, deve ser obviamente penalizado" foi o que eu escrevi.
confirma sff.
o que digo é que em relação aos lobbys, sentido lato, há aspectos positivos, como por exemplo, a questão de timor. estava a alargar o tema, não estava, obviamente a falar do financiamento obscuro dos partidos, ou de tráfico de influências.

quanto ás tabaqueiras acredito que pressionem, que subornem e que mintam e que eventualmente tenham até pago ao independente ou e aos cientistas que se prostituam.
não me vais ouvir dizer que o tabaco faz bem, ou que não faz mal. eu até, às vezes, fumo.
sou o primeiro a defender que parte dos meus impostos sejam vinculados para campanhas de sensibilização e informação sobre o tabagismo.
sou contra a repressão e ostracismo ao fumador e à ditadura do sanitariamente correcto.
ainda te hei-de ver defender a obrigação de beber uma cerveja dentro de um saco de papel, na via pública...
defendo a liberdade de opção em espaços privados (mesmo de utilização pública, eventualmente sub-divididos: bares, restaurantes, etc.) e a proibição de fumar em repartições, edifícios e espaços fechados de cariz público (estado).