ensino a la bolognesa
Toda a mudança (crise) é simultaneamente ocasião e risco. Esta é uma das máximas que muito trabalho dá a explicar aos meus alunos, porque muito implica...
O acordo de Bolonha é por mim encarado dessa forma. Vejo enormes potencialidades de revolução na forma como deve ser encarado o ensino superior pelos agentes nele envolvidos. Vejo toda uma filosofia que obriga a repensar as metodologias, os conteúdos, as competências, os espaços, e até as formas de divisão socio-profissional que conhecemos.
Mas... os riscos são de outra natureza bem distinta. Há riscos de despromoção e de desvalorização académica dos cursos universitários (por oposição aos politécnicos que são promovidos). E, há os riscos muito discutidos inerentes à política de financiamento das universidades públicas que têm visto nos mestrados uma das suas receitas mais apetecíveis, já que os preços praticados estão, em muitos casos, alinhados com os das privadas. O que cria um risco de criar elites cada vez mais elitistas. Redundâncias à parte... Aqui ganha a concorrência das privadas que há muito reclamam esta condição em benefício dos estudantes que querem optar.
Curiosamente, o grito de alerta vem dos estudantes da universidade que maior conservadorismo manifesta perante tal mudança, tendo apenas proposto a adaptação de 2 dos seus cursos.
5 comentários:
esta é uma reforma que tem consequências a outros níveis mais interessantes para professores e alunos (que pode ser, mas que não está garantido que asim seja), mas parece correr riscos de tornar pouco acessível para todos o nível de aprendizagem que tinhas até agora como público.
a gratuitidade total nunca é uma boa prática. A forma como se institui aquilo a que chamas "privatização" (mas que está muito longe de o ser) é que nunca foi legítima, porque nunca foi legitimada com o que se prometeu: aumentar a qualidade de ensino. Enfim...
Não digo que seja tudo de graça. Mas, bolas, se o ensino público ficasse ao nível dos preços do pivado, não me parece bem limitar o ensino a quem pode suportar os custos. seleccionem-se alunos pelas suas capacidades intelectuais, criativas, etc, mas não pelas suas capacidades financeiras. Será que vão evoluir os incentivos a alunos mais carenciados, com medidas realmente eficazes e justas?
e será que aumenta efectivamente a qualidade do ensino, proporcionalente aos os preços? Eu espero que sim, pelo menos. Sou absolutamente a favor de uma mudança das coisas - basta de cursos de longa duração que não dão senão rolinhos de papel com uma fitinha, para pôr numa moldura.
privado, não "pivado"....
Mas no ensino supostamente público, a maioria dos mestrados e doutoramentos são pagos e bem pagos. Nunca defendi a sua privatização mas uma outra forma de pensar o acesso (concorrencial entre público e privado). Bem, mas estamos a desviar a conversa.
Ainda assim digo-te que a maioria dos alunos que tenho num curso numa privada, são bolseiros!
Bom para eles, tb conheço alguns.
os mestrados e doutoramentos custam balúrdios, eu sei. mas e os cursos, as licenciaturas? para que custo serão elevados?
Bem, vamos esperar q esta reforma toda traga mesmo alguma qualidade ao ensino, é que já se fazia alguma coisinha.
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