20.6.06

o estado republicano e laico

o cds-pp, tal como o psd tinha já feito, apresentou hoje a sua proposta relativa à questão do protocolo de Estado.
é óbvio que não seria de esperar outra abordagem do pp, senão esta, conservadora tradicionalista, militarista e catolicista, e, a meu ver, também anacrónica e descabida.

01.na minha modesta opinião, devem acabar todos os direitos e precedências dos representantes da igreja católica apostólica romana, não por desrespeito ou mero espirito jacobino, mas pelo respeito a todas as confissões e também aos que não seguem qualquer confissão.
se o cds-pp e o psd, querem ter a sociedade perfeitamente representada nas cerimónias oficiais, haveria mais gente a exigir a presença do presidente do benfica, do que do cardeal patriarca. então a proposta de equiparação de representantes da conferência episcopal a ministros é inclassificável. no irão deve ser mais ou menos assim.
02. a questão de maior ou menor relevância conferida aos representantes das forças armadas. aqui, embora possa ser polémico, não me revejo na necessidade de conferir mais importância ao chefe do estado maior geral das forças armadas, do que ao procurador da república, o presidente do tribunal de contas ou do do supremo tribunal. as forças armadas estão já representadas ao mais alto nível, pelo presidente da república, que é o seu responsável máximo. para mim, que defendo a profissionalização da tropa (com, e foi já este governo que a fez, a equiparação real da formação leccionada nas instituições militares), as forças armadas têm uma função bem definida (a defesa nacional) e um monte de potencialidades pouco exploradas, mas é uma instituição pública, de serviço e submissão ao poder político e judicial, tal como as forças de segurança. ter mais ou menos acesso ás armas não pode ser condição de posicionamento hierárquico representativo.
03. os representantes da antiga família real portuguesa... enfim, aqui realmente penso haver pouco a comentar, é uma visão do Estado e da História. julgo que um estado também mede a sua maturidade pelo assumir da sua história e Portugal não tem grandes complexos com o seu passado de monarquia.
o que me confunde e me desconcerta, como republicano, é o próprio conceito de monarquia e a sua defesa, que a sinto como contrário ao ideal alargado e profundo de Democracia, Igualdade e Liberdade. e tendo em conta esse raciocínio, eu simplesmente não convidava essa malta, quanto mais marcar-lhes lugar.

14 comentários:

Anónimo disse...

no dia em que alguém proponha o presidente do benfica para fazer parte do protocolo de estado, em qualquer que seja a cerimónia, abandono imediatamente o país, retiro todas as minhas divisas de bancos nacionais e natualizo-me espanhol sem sequer pensar duas vezes.

Anónimo disse...

Por outro lado, a proposta do Governo, que visa retirar do protocolo de Estado, o representante da Igreja Católica, insere-se claramente numa política de redução dos custos, dado que toda a gente sabe, que o nosso EX.mo Reverendissimo Cardeal Patriarca JB Policarpo, em qualquer cerimónia que vá, bota abaixo sem qualquer dificuldades, 1 garrafa de porto, 1 garrafa de wisky e se tiver bem disposto ainda vai aos licores.

miguel p disse...

concordo.
e digo mais: a igreja católica apostólica romana e o benfica são as principais causas do atraso nacional.

Anónimo disse...

em relação ao benfica estou inteiramente de acordo, agora em relação hà Igreja Católica Apostólica Romana não tenho evidentemente a tua opinião, mas como republicano e democrata tenho de a respeitar ...

tiago m disse...

e ainda mais! o escândalo é tanto com isto: se um representante estrangeiro chegar a Portugal é recebido no aeroporto por um membro do staff do Governo (pode ser um mero acessor); se for um membro de uma qualquer família real tem de ser recebido no aeroporto por um membro do Governo! ou seja, um gajo da família real saudita, esse baluarte da democracia é considerado mais importante que um membro do governo filandes (que está agora na moda)

fora com essa corja; e fora com o badameco desse ignorante desse Bragança, era só o que mais faltava ter que pagar para ter que o aturar em cerimónias oficiais, ele que se dedique ao negócio de meninas como o duque de savoia, para ganhar o seu.

miguel p disse...

nem mais

Anónimo disse...

Até que enfim que estão de acordo e em sintonia nalgum assunto, e nem foi preciso irem beber uma cervejola ... , para esquecerem as desavenças e diferenças de opinião provocadas pelo o "ópio do povo" dos tempos modernos.

miguel p disse...

aquilo é para dar sal ao blog e meter oleo na bicla... que já tem meio-ano, de pedalada!

Sofia Melo disse...

Eu cá acho que nesses fecha-a-roda dessas cerimónias protocolares, ou entram todos ou não entra ninguém (que não seja dos orgãos decisivos da nação): se entra a igreja católica apostólica romana, deviam entrar representantes das confissões que em portugal tenham expressão significativa, nem que seja por uma questão de justiça (eu cá, como católica, sou pela igualdade - o que vale para uns, deve valer para outros, e política e fé não se devem misturar); se não é para estarem lá representadas as confissões religiosas, então que não esteja nenhuma. Quanto às forças armadas, disseste muito bem, Miguel, já estão representadas pelo PR (parece-me que o PP quer dar abébias aos militares para evitar outro 25 de abril....); quanto à família dos patacôncios reais, poupem-me: Não se justifica essa subserviência, qual história qual quê? que fez esse piaçaba gago e mal enjorcado para merecer honras de estado? simplesmente nasceu. ora, eu tb nasci e não estou no protocolo de estado, portanto, "fora da bouça, que a bouça é nossa".

e qual é a crise de o patriarca beber uns copos? faz ele muito bem, um papa assim é que era. Policarpo a Papa!!! :)

Anónimo disse...

Eu acho que seria melhor a lógica de "o que chegar primeiro que escolha o lugar". Evitavam-se atrasos e discussões absurdas sobre quem tem mais valor. O projecto do PP serve para nos confirmar o que já se sabia sobre a sua visão da sociedade. Quanto à presença de elementos da família real, bem, só se os filhos do Cavaco, do Sampaio, do Soares, etc. também forem equiparados, sabendo que estes serão, ou são, provavelmente, bem mais úteis a Portugal (bem, alguns não, mas pronto).

Anónimo disse...

"Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és" (bem sei que é capaz de haver algum outro ditado popular que desdiga esta ideia, mas este cabe bem aqui)
Um protocolo de Estado que contemple 2 vezes as forças armadas, apenas uma confissão religiosa das várias que a população desse país professa, um descendente da monaquia deposta há 100 anos desse país, poderá significar o quê a seu respeito?
O protocolo espelha o que o país é.
Já que se está a refazer o protocolo, aproveitem para que as novas regras reflictam aquilo que gostaríamos que o país fosse.

Anónimo disse...

quando o Buiça asassinou o rei D Carlos e o seu filho Luis Filipe em 1/02/1908, não fazia a ideia que passados 98 anos, uma república democrata, estaria a discutir se um gago agricultor, pseudo-aspirante a rei, estaria presente no protocolo de estado, não faz sentido ...

el s (pc) disse...

Pergunta:
Os da "...antiga família real portuguesa..." são quais?

Da dinastia de Bragança ou os sucessores dos Filipes (D. Juan Carlos).

S Guadalupe disse...

o que mais me assustou foi o sr. do PP contar com a influência do Sócrates para mudar as cabecitas dos deputados do PS... o que queria ele dizer com isso?